Claudia Guimarães, 1970 é fotografa e artista visual, vive e trabalha em São Paulo, SP.

Doutoranda e Mestra em Artes Visuais pela ECA – USP. Sua pesquisa envolve fotografia, vídeo e fotografia expandida, tendo como temas corpo, gênero e retratos. Seu trabalho converge de estratégias documentais, para ir além do testemunho, questionando os limites entre realidade e ficção. A artista lida com dois pressupostos comuns aos campos da arte e do documentário: o deslocamento e a participação.

Claudia iniciou sua carreira como assistente de Vania Toledo e foi fotojornalista na Folha de S. Paulo durante 8 anos, nesse período desenvolveu profundo interesse pela fotografia autobiográfica e documental tornando-se reconhecida fotógrafa da cultura jovem local. Muito antes do atual momento de “stories” e “selfies”, Claudia já documentava o seu entorno. Integrada à cena em que fotografa, fez registros intensos, da noite, em comunidades LGBTQI+, em casa de amigos, na cena fashion da cidade de S. Paulo, etc, sempre revelando cumplicidade e extrema proximidade com os personagens.

Em sua casa deu início à construção dos seus primeiros retratos de amigas drags, trans e travestis no começo dos anos 90, procurando não supererotizar esses corpos, prática então vigente em grande parte dos trabalhos fotográficos. Naquele momento, a maioria das imagens de travestis se concentrava em revistas pornográficas de consumo de massa, e existiam muitos estigmas sociais a respeito delas, o que a fez tentar inverter essa lógica a partir de seu trabalho fotográfico. Uma estratégia para afastar os retratos desses estigmas era entendê-los como imagens individualizadas, e compreender como essas imagens poderiam colocá-los em uma perspectiva diferente dos preconceitos cotidianos, investindo, assim, em outras camadas de visibilidade.

Foi através desses retratos que recebeu o convite para trabalhar na Folha de São Paulo, como fotógrafa da coluna Noite Ilustrada, com isso foi primeira a mostrar os bastidores da noite paulistana LGBTQI+, também a primeira a colocar uma mulher trans em uma campanha de moda, no livro e exposição no MAM-SP chamado Photojeanic, publicado em 1996. Também foi a primeira a ter um retrato de uma travesti num acervo público, com a foto da ativista Claudia Wonder, que pertence ao acervo da Pinacoteca de SP.

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